Era uma vez um lugar infinito, sem fronteiras, aonde todos os habitantes viviam em comunhão da vida, da luz e dos frutos e alimentos da terra, da água e da irrigação da chuva. Um lugar aonde os filhos cresciam e aprendiam a natureza do ser e existir, na benção dos elementos oferecidos aos homens. A consciência desses humanos propunha uma vida simples, sem a relação do poder, o querer, sem a noção de propriedade e conquista. Com o passar dos tempos, dentes se limaram de tal forma moldando um outro formato, menos animal, mais usual. Com novos movimentos corporais e a transição de ambientes, o homem perde pelos e modifica sua estética. Em sua consciência novos campos eram desbravados pela invasão da razão e do pensar. Com esse envolvimento o lado mal do ser força a barreira do equilíbrio razãoxemoção e rompe a pureza instalada até aquela estação. Nesse momento os homens despertam em seu interior a sensação de propriedade sobre coisas e coisas, e passam a indicar as suas posses.
Era primavera e Mig andava pela avenida em direção ao centro. Contornava esquina, virava postes. Mais perto dali, Efêmera, caminhava em deslumbramento vendo vestidos e seu reflexo, estampado na vitrine. Do outro lado do lugar viviam Marilze e seus sete filhos em uma caverna esculpida no barranco e revestida de pau e plástico. Uma delas, Maride, tem hepatite B e não consegue ser atendida no ambulatório. Seu encontro com o médico é daqui a 4 meses. Jubi, prima de Maride mora na beira de um ribeirão que enche em tempos de chuva. A manilha é muito fina. Do lado da usina passa o ribeirão carregado de cores e texturas despejado pela USI4. Nessa mesma estação ao som contínuo e refrescante do condicionado, em sua sala, está Bejamin, prefeito. Em sua volta os súditos, cuidando de cada detalhe. Púlpito, palavras, atos, penteado. Viagens de banquete pra Som Pólo, visitas rápidas ao Riso de Jamêro, em sua nova aeronave espacial, para não perder os diálogos de acordos. Em um papo, são injetados 20 quiilhões na estação de Jin de Flora, e no diálogo, fica acordado um desvio de 7. No outro, são mais 80 quiilões investidos pelo Banco Interestacionário da América, e apenas 13 desviados. O condicionado gela ainda mais, a poltrona é confortável, reclinável e massageante, e a marquise criada na zona norte, esta entregue ao mofo. A passagem aumenta assim como as mentiras. Os barracos caem. Os ribeirinhos se afogam e se contaminam. A estação parece um labirinto em horários de pico. Os shoppings são erguidos e novas vitrines instaladas. Não vai faltar reflexo a ninguém. Bejamim é corrupto, dorme em um travesseiro de 1 milhão e meio. Prega a paz em discursos falidos e tem diversas armas em sua casa. Diz ser do povo, engana os que o acompanham com políticas fragmentadas e individualizadas, contaminando os sonhos dos homens. Prega a onipotência.
E o homem faz o caminho inverso em sua primal evolução. As riquezas oferecidas pelo maior, são desprezadas. Com o aurum brilhante, pintaram os castelos ingleses, com a mata, andam cortando pra plantar braqueara, principal alimento do gado de corte. Os prédios são erguidos, os condomínios estendidos, e um japonês dono da Abyara, junto de Bejamin, em uma inauguração, explana em discurso gaguejante: "O Brasil é muito verde, no Brasil tem muitas matas, dessa forma podemos desmatar um pouco pra construir." Se referindo ao seu condomínio responsavelmente ambiental. Assim o regresso se instala e os homens escolhem a sua árvore. Pregam 4 moerões e a cercam. Ninguém percebe mais nada. Os homens esqueceram que possuem ouvidos e que os pássaros cantam e que em nossa evolução montamos uma sinfonia urbana. O ouvido não funciona. Os olhos, desconectados ao celebro não tem função. Vêem mas não enxergam. A boca, o paladar, servem apenas de canal para o nível intestinal necessário para ter energia e se manter em pé. A luz, a água, a chuva, a terra. Detalhes de um lugar, de um ambiente. O consumo é lei, e não importa se dói na árvore o corte transversal feito para derrubá-la. Assim como não importa as pessoas que são assassinadas diariamente por motivos alheios. Não importa a fumaça que sai das chaminés, os produtos químicos atirados nos rios. O homem criou o sistema e o sistema da um jeito. São outros valores, outros elementos, outros conceitos que regem a estação para o fim.
Em política e em outros contextos relacionados com a sociedade, natureza, .ambiente., muitas vezes se refere àquela parte do mundo natural que as pessoas julgam importante ou valiosa por alguma razão — econômica, estética, filosófica, sentimental , etc. A palavra ecologia é muitas vezes usada nesse sentido, principalmente por não cientistas.
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